Entre as classes gramaticais da língua portuguesa, o verbo é uma das mais importantes e dinâmicas. Ele é responsável por expressar ações, estados, fenômenos da natureza e processos, sendo o coração das orações. Compreender o verbo é essencial para interpretar textos, construir frases corretas e ensinar com clareza a estrutura da língua.
Neste post completo, vamos explicar o que é um verbo, quais suas funções, classificações e estrutura, , além de apresentar exemplos práticos e observações que costumam gerar dúvidas em sala de aula.
O que é um verbo?
O verbo é uma palavra que indica uma ação, estado, fenômeno da natureza ou mudança de condição, geralmente associada a um sujeito. Ele se flexiona em tempo, modo, número e pessoa, indicando quando e quem realiza a ação.
Exemplos:
- Ação: Os alunos estudam todos os dias.
- Estado: Ela está cansada.
- Fenômeno da natureza: Choveu muito ontem.
- Mudança de condição: As folhas ficaram amarelas.
Portanto, o verbo é o núcleo do predicado, ou seja, o elemento que dá sentido à oração.
Veja também: Atividade sobre Verbos com Exercícios e Gabarito
Função do verbo na oração
O verbo é o elemento central da oração, pois é ele quem indica o que acontece com o sujeito. A partir dele, conseguimos compreender o que está sendo dito e identificar o tipo de predicado, isto é, o núcleo que transmite o sentido principal da oração.
De forma geral, o verbo mostra uma ação, estado, fenômeno ou processo. Além disso, sua presença define se o predicado é verbal, nominal ou verbo-nominal. Vamos entender cada caso com calma:
🔹 1. Predicado verbal
O predicado verbal ocorre quando o verbo é o núcleo do predicado, ou seja, quando a oração gira em torno da ação praticada ou sofrida pelo sujeito.
Nesse tipo, o verbo é de ação, e o foco está no ato em si, e não em um estado ou qualidade.
Exemplos:
- Os alunos estudaram muito para a prova.
→ O verbo “estudaram” mostra a ação que o sujeito “os alunos” realizou. - A professora corrigiu as atividades ontem.
→ O verbo “corrigiu” é o núcleo da ação: o que a professora fez.
Dica para o professor: Para ajudar os alunos, peça que identifiquem “o que o sujeito fez” ou “o que aconteceu com o sujeito”. Se a resposta for uma ação, o predicado é verbal.
🔹 2. Predicado nominal
O predicado nominal aparece quando o verbo não indica uma ação, mas sim um estado, característica ou condição do sujeito.
Nesse caso, o verbo tem função apenas de ligar o sujeito a um predicativo (um termo que indica uma qualidade ou estado).
Os verbos de ligação são os mais usados nesse tipo de predicado: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, ficar, andar (em certos usos), tornar-se, virar, etc.
Exemplos:
- A aluna está animada.
→ O verbo “está” liga o sujeito “a aluna” à característica “animada”. - O dia amanheceu frio.
→ O verbo “amanheceu” mostra o estado do dia. - Eles ficaram preocupados com o resultado.
→ “Ficaram” não mostra ação, mas sim mudança de estado.
Dica para o professor: Peça que o aluno tente substituir o verbo por “é”. Se a frase continuar com sentido coerente, o verbo provavelmente é de ligação e o predicado, nominal.
Exemplo: A aluna está animada → A aluna é animada (faz sentido).
🔹 3. Predicado verbo-nominal
O predicado verbo-nominal é o mais completo, pois combina ação e estado ao mesmo tempo. Isso significa que o sujeito pratica uma ação e, ao mesmo tempo, apresenta uma característica ou condição relacionada a essa ação.
Há dois núcleos: um verbo de ação e um predicativo.
Exemplos:
- O professor chegou cansado.
→ “Chegou” indica ação; “cansado” indica o estado do sujeito após a ação. - Os alunos saíram satisfeitos da aula.
→ “Saíram” é a ação; “satisfeitos” descreve como os alunos estavam.
Dica para o professor: Mostre aos alunos que, nesse tipo de oração, o verbo não vem sozinho, ele traz consigo uma ideia de ação mais estado, o que torna o sentido mais rico.
🔹 4. Resumo visual para fixação
| Tipo de Predicado | Núcleo principal | Tipo de verbo | Exemplo |
|---|---|---|---|
| Verbal | Verbo de ação | Transitivo ou intransitivo | Os alunos estudaram muito. |
| Nominal | Nome (predicativo) | Verbo de ligação | A aluna está animada. |
| Verbo-nominal | Verbo + nome | Verbo de ação + predicativo | O professor chegou cansado. |
Em resumo: O verbo é o eixo da oração, e seu papel vai muito além de indicar uma ação. Ele estrutura o pensamento, liga ideias e define a relação entre sujeito e predicado. Dominar esse conceito é o primeiro passo para compreender toda a gramática verbal e a organização sintática da língua portuguesa.
Veja também: Atividade sobre Tipos de Predicado com Gabarito
Classificação dos verbos quanto ao significado
Os verbos podem ser classificados de acordo com o sentido que expressam dentro da oração. Essa classificação é essencial para que o professor e o aluno compreendam o papel semântico (de significado) que o verbo exerce no enunciado.
De forma geral, os verbos são divididos em quatro grandes grupos: verbos de ação, verbos de estado, verbos de fenômenos da natureza e verbos auxiliares. Cada grupo tem características próprias, que veremos em detalhes a seguir.
🔹 1. Verbos de ação
Os verbos de ação são os mais comuns e mais facilmente reconhecidos, pois expressam uma atividade, um ato, um movimento ou uma transformação.
Eles indicam algo feito ou sofrido pelo sujeito, ou seja, uma ação propriamente dita.
Exemplos de verbos de ação:
- correr, estudar, cantar, construir, escrever, brincar, pintar, comprar, viajar, ler, cozinhar.
Exemplos em frases:
- Os alunos escreveram uma redação excelente.
- Meu pai consertou o carro no fim de semana.
- As crianças correram pelo pátio.
Características principais:
- Mostram o que o sujeito faz (ou o que acontece com ele).
- São o núcleo do predicado verbal.
- Podem ser transitivos (quando precisam de complemento) ou intransitivos (quando têm sentido completo).
Dica para o professor: Um bom exercício é pedir que os alunos identifiquem o “ato” da frase. Se houver uma ação clara, algo que o sujeito realiza ou sofre, o verbo é de ação.
🔹 2. Verbos de estado
Os verbos de estado não expressam uma ação, mas sim uma condição, qualidade ou situação que o sujeito apresenta. Eles indicam que o sujeito permanece em determinado estado ou se encontra de certa forma, sem realizar uma ação física ou concreta.
Esses verbos são muito importantes porque ajudam a caracterizar o sujeito e a ligá-lo a uma qualidade, formando o chamado predicado nominal.
Principais verbos de estado: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, ficar, andar, tornar-se, viver, parecer, permanecer.
Exemplos em frases:
- Ela é muito estudiosa.
- O aluno está cansado.
- Eles continuaram atentos à explicação.
- O dia ficou lindo após a chuva.
Características principais:
- Ligam o sujeito a uma qualidade, característica ou estado.
- Costumam ser chamados também de verbos de ligação.
- Não indicam ação, mas sim uma condição permanente ou temporária.
Dica para o professor: Peça ao aluno para substituir o verbo por “é” e verificar se o sentido principal da frase se mantém. Se o sentido continuar, é sinal de que o verbo é de estado.
Exemplo: O aluno está cansado → O aluno é cansado (sentido parecido, logo é verbo de estado).
🔹 3. Verbos de fenômenos da natureza
Os verbos de fenômenos da natureza indicam acontecimentos naturais, como mudanças climáticas, ambientais ou cósmicas. São usados, na maioria das vezes, sem sujeito, pois o fenômeno ocorre independentemente de uma ação humana.
Principais verbos de fenômenos da natureza: chover, nevar, trovejar, ventar, gear, relampejar, amanhecer, anoitecer, entardecer.
Exemplos em frases:
- Choveu muito durante a madrugada.
- Amanheceu frio e nublado.
- Vai ventar bastante à tarde.
Características principais:
- Costumam ser impessoais, ou seja, não têm sujeito.
- Ficam sempre na 3ª pessoa do singular.
- Podem ser usados também de forma figurada, em contextos poéticos ou expressivos.
Exemplo de uso figurado:
- Choveu alegria no aniversário da escola.
(Aqui “choveu” é usado com sentido de abundância, não literal.)
Dica para o professor: Trabalhe com exemplos do cotidiano dos alunos (chuva, sol, vento) e explore o uso figurado, que aparece muito em textos literários e poesias.
🔹 4. Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares são aqueles que ajudam na formação de locuções verbais, acompanhando um verbo principal. Eles não trazem o significado principal da ação, mas indicam aspectos como tempo, modo, voz, intenção ou continuidade.
São fundamentais para a construção de tempos compostos e expressões verbais mais complexas.
Principais verbos auxiliares: ter, haver, ser, estar, ir, vir, dever, poder, querer, precisar, começar, continuar.
Exemplos em frases:
- Ela está estudando para a prova.
- Os alunos tinham terminado a lição.
- Vou sair mais cedo hoje.
- Devemos respeitar as regras.
Como identificar um verbo auxiliar: Ele sempre vem acompanhado de outro verbo (o verbo principal), que estará no infinitivo, gerúndio ou particípio.
Estrutura:
Verbo auxiliar + Verbo principal
Exemplos práticos:
- Está estudando → “está” é o auxiliar; “estudando” é o principal.
- Tinha saído → “tinha” é o auxiliar; “saído” é o principal.
- Vai viajar → “vai” é o auxiliar; “viajar” é o principal.
Dica para o professor: Explique que, nas locuções verbais, o verbo auxiliar traz o tempo, modo ou aspecto, enquanto o verbo principal carrega o significado da ação. Atividades que pedem para “separar o verbo auxiliar do principal” ajudam muito na fixação.
🔹 5. Comparativo geral
| Tipo de Verbo | O que indica | Exemplos | Observações |
|---|---|---|---|
| De ação | Uma atividade, ato ou movimento | Correr, escrever, brincar | Mostram o que o sujeito faz. |
| De estado | Uma condição ou característica | Ser, estar, parecer | São verbos de ligação. |
| De fenômenos da natureza | Um acontecimento natural | Chover, ventar, amanhecer | Impessoais e sempre na 3ª pessoa. |
| Auxiliares | Ajudam outro verbo na locução verbal | Ter, estar, ser, ir | Dão tempo e modo ao verbo principal. |
🔹 6. Observação importante
Muitos alunos confundem os verbos de estado com os verbos de ação. Por exemplo, em “Ele anda cansado ultimamente”, o verbo andar não indica movimento (ação), mas sim estado, logo é verbo de ligação. Já em “Ele anda pelo parque todos os dias”, andar volta a ter sentido de movimento, portanto é verbo de ação.
Dica para o professor: Mostre que o contexto é o que define o tipo de verbo. Essa análise contextual é uma habilidade essencial para interpretação de textos e análise sintática.
Veja também: Atividade de Verbos de Ligação com Exercícios e Gabarito
Estrutura e forma dos verbos
Entender a estrutura dos verbos é fundamental para compreender como eles se formam, se modificam e se encaixam nas frases. Essa estrutura é o que permite ao falante da língua portuguesa conjugar corretamente os verbos em diferentes tempos, modos e pessoas.
Cada verbo é formado por partes menores, chamadas morfemas, que se combinam para dar o significado completo da palavra. Esses elementos são: radical, vogal temática, tema verbal e desinências.
🔹 1. Radical
O radical é a parte fixa da palavra, que contém o significado básico do verbo. É a partir dele que se formam as diferentes conjugações e tempos verbais.
Exemplo:
- No verbo falar, o radical é fal- → fal-o, fal-as, fal-amos, fal-aram.
- No verbo vender, o radical é vend- → vend-o, vend-es, vend-em.
- No verbo partir, o radical é part- → part-o, part-em, part-imos.
Mesmo que o verbo seja conjugado em tempos diferentes, o radical se mantém como base de significado.
Dica para o professor: Uma boa atividade é pedir que os alunos conjuguem o verbo em vários tempos e observem a parte que não muda, essa é o radical.
🔹 2. Vogal temática
A vogal temática é o elemento que aparece logo após o radical e indica a conjugação a que o verbo pertence. Ela serve como uma ponte entre o radical e as desinências (terminações verbais).
Na língua portuguesa, existem três vogais temáticas, correspondentes às três conjugações verbais:
| Conjugação | Vogal temática | Terminação do infinitivo | Exemplo |
|---|---|---|---|
| 1ª conjugação | a | -ar | falar, estudar, cantar |
| 2ª conjugação | e | -er | vender, aprender, correr |
| 3ª conjugação | i | -ir | partir, sorrir, abrir |
Importante: A vogal temática é o marcador morfológico da conjugação. Saber identificá-la ajuda a conjugar verbos corretamente, principalmente os regulares.
🔹 3. Tema verbal
O tema verbal é a união do radical com a vogal temática. É a base sobre a qual se acrescentam as desinências (terminações que indicam tempo, modo, pessoa e número).
Exemplo:
- fal (radical) + a (vogal temática) = fala- → tema verbal de falar.
- vend (radical) + e (vogal temática) = vende- → tema verbal de vender.
- part (radical) + i (vogal temática) = parti- → tema verbal de partir.
Observação: Nem todos os verbos mantêm o mesmo tema em todas as conjugações, especialmente os irregulares, que podem alterar o radical ou suprimir a vogal temática em certas formas.
🔹 4. Desinências verbais
As desinências são as terminações que se acrescentam ao tema verbal e que indicam as flexões do verbo. São responsáveis por mostrar quem pratica a ação (pessoa e número) e quando a ação ocorre (tempo e modo).
Existem dois tipos principais de desinências:
a) Desinências modo-temporais
Indicam o modo (indicativo, subjuntivo, imperativo) e o tempo verbal (presente, passado ou futuro).
Exemplo:
- falava → desinência modo-temporal -va (pretérito imperfeito do indicativo).
- falarei → desinência modo-temporal -rei (futuro do presente do indicativo).
b) Desinências número-pessoais
Indicam a pessoa gramatical (1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural).
Exemplo:
- falamos → desinência número-pessoal -mos (1ª pessoa do plural).
- falam → desinência número-pessoal -m (3ª pessoa do plural).
🔹 5. Vogal de ligação
Alguns verbos apresentam uma vogal de ligação, que aparece apenas para facilitar a pronúncia entre os morfemas. Ela não tem valor gramatical e serve apenas como elemento de união sonora.
Exemplo:
- amávamos → o “a” entre o radical am- e a desinência -vamos é vogal de ligação.
Dica para o professor: Explique que a vogal de ligação é um recurso fonético, e não um marcador de conjugação. Ela pode confundir o aluno se for analisada como vogal temática, então é importante diferenciar.
🔹 6. Formação completa do verbo
Vamos observar a estrutura completa do verbo falávamos:
| Parte | Elemento | Função |
|---|---|---|
| Radical | fal- | transmite o sentido básico do verbo |
| Vogal temática | a | indica a 1ª conjugação |
| Desinência modo-temporal | va | indica o tempo (pretérito imperfeito do indicativo) |
| Desinência número-pessoal | mos | indica 1ª pessoa do plural |
➡️ fal + a + va + mos = falávamos
🔹 7. Verbos regulares e irregulares sob a ótica da estrutura
A estrutura dos verbos regulares é previsível: o radical e a vogal temática não sofrem alterações durante a conjugação. Já os irregulares apresentam mudanças no radical, na vogal temática ou em ambos.
Exemplo de verbo regular:
- Estudar → estud-o, estud-amos, estud-arão.
Exemplo de verbo irregular:
- Fazer → faço, fiz, farei. (radical muda: faz, fiz, far).
Dica para o professor: Peça aos alunos que conjuguem o verbo no presente, pretérito e futuro.
Se o radical mudar, ele é irregular. Essa análise ajuda na fixação e na diferenciação prática entre regularidade e irregularidade.
🔹 8. Esquema visual de formação
| Elemento | Função | Exemplo com o verbo “vender” |
|---|---|---|
| Radical | Base de sentido | vend- |
| Vogal temática | Indica conjugação | e |
| Tema verbal | Radical + vogal temática | vende- |
| Desinência modo-temporal | Indica tempo e modo | -r (infinitivo) |
| Desinência número-pessoal | Indica pessoa e número | -mos (nós vendemos) |
Resultado: vendemos = vend + e + (desinências)
🔹 9. Por que essa estrutura é importante?
Compreender a estrutura do verbo permite:
- Conjugar corretamente em todos os tempos e modos;
- Reconhecer verbos regulares e irregulares;
- Identificar famílias de palavras derivadas do mesmo radical;
- Analisar sintaticamente as orações de forma precisa;
- Evitar erros de concordância verbal.
Exemplo prático para sala de aula: Monte um quadro de “família verbal” a partir de um radical.
Exemplo: fal- → falar, falante, falador, falatório, falante.
Isso ajuda o aluno a perceber como o radical serve de base para várias palavras.
Dicas práticas para ensinar verbos em sala de aula
- Relacione os verbos às ações do cotidiano dos alunos (andar, brincar, estudar).
- Use jogos de conjugação ou cartões coloridos para revisar os tempos e modos verbais.
- Proponha textos curtos para identificação de verbos e suas funções.
- Inclua atividades de fixação com locuções e tempos compostos.
Veja também: Atividade de Classificação de Substantivos, Adjetivos e Verbos
Conclusão
O estudo dos verbos é essencial para a compreensão e produção de textos. Dominar suas formas, tempos e modos permite uma comunicação clara e correta, tanto na escrita quanto na fala. Para o professor, entender profundamente esse conteúdo facilita o ensino da gramática e o desenvolvimento linguístico dos alunos.
