As Orações Subordinadas são um dos conteúdos mais importantes do estudo da sintaxe na Língua Portuguesa. Elas aparecem nos textos que os alunos leem todos os dias, surgem nas questões de interpretação e aparecem com grande frequência em avaliações internas e externas. Por isso, dominar esse assunto é essencial para que o professor consiga explicar com clareza, aplicar atividades eficientes e ajudar seus alunos a compreender e produzir textos mais coesos e sofisticados.
Aqui você encontrará explicações detalhadas, exemplos reais, diferenças entre os tipos de orações e dicas de como ensinar esse conteúdo de forma prática e envolvente.
Veja também: O que são Oraçoes Coordenadas
O que são Orações Subordinadas?
Antes de classificar, precisamos entender o conceito principal.
Chamamos de oração subordinada a oração que depende de outra para fazer sentido completo. Isso significa que ela não é autônoma; ela se liga à oração principal, completando seu significado ou exercendo alguma função sintática dentro dela.
Observe:
Quando cheguei, a aula já havia começado.
A oração “quando cheguei” não transmite uma ideia completa sozinha. Ela depende da oração principal “a aula já havia começado” para ter sentido. Por isso, é subordinada.
As orações subordinadas funcionam como elementos internos da oração principal, podendo atuar como sujeito, complemento verbal, complemento nominal, adjunto adverbial, predicativo, entre outras funções.
Como identificar uma Oração Subordinada?
Existem três sinais importantes:
a) Dependência de sentido
Uma oração subordinada nunca apresenta sentido completo sozinha. Ela complementa, explica, especifica ou caracteriza algo na oração principal.
b) Conectivos
Geralmente, vem introduzida por:
- conjunções subordinativas
- pronomes relativos
- locuções conjuntivas
- advérbios conectores
Esses termos fazem a ponte sintática entre as orações.
c) Função sintática
A oração subordinada exerce uma função dentro da oração principal, como se fosse um termo dela.
Exemplo:
É importante que você estude.
A oração “que você estude” exerce função de sujeito.
Classificação geral das Orações Subordinadas
As subordinadas são divididas em três grupos principais:
- Orações Subordinadas Substantivas
- Orações Subordinadas Adjetivas
- Orações Subordinadas Adverbiais
Cada grupo tem características próprias, funções e conectivos recorrentes. Vamos ver cada um em detalhes.
Orações Subordinadas Substantivas
As subordinadas substantivas são aquelas que exercem funções próprias de substantivo dentro da oração principal.
Elas geralmente são introduzidas por integrantes como: que, se e expressões correlatas.
Tipos e funções
Aqui estão os principais tipos de orações substantivas:
a) Subjetivas
Funcionam como sujeito da oração principal.
Exemplo:
É necessário que todos participem.
A subordinada “que todos participem” é o sujeito da forma impessoal “é necessário”.
b) Objetivas Diretas
Funcionam como objeto direto de verbos transitivos diretos.
Exemplo:
Desejo que você tenha sucesso.
A subordinada completa o sentido do verbo desejar.
c) Objetivas Indiretas
Servem como objeto indireto e são exigidas por verbos transitivos indiretos.
Exemplo:
Preciso de que você confirme sua presença.
A oração “que você confirme sua presença” exerce o papel de complemento do verbo “precisar de”.
d) Completivas Nominais
Completam o sentido de um nome, geralmente adjetivos, substantivos abstratos ou advérbios.
Exemplo:
Estou certo de que ele virá.
A oração completa o sentido de “certo”.
e) Predicativas
Funcionam como predicativo do sujeito ou do objeto.
Exemplo:
A verdade é que ele não quis vir.
A subordinada exerce a função de predicativo.
f) Apositivas
Explicam ou desenvolvem o sentido de um termo anterior.
Exemplo:
Só desejo uma coisa: que todos estejam bem.
Como ensinar Subordinadas Substantivas
Os alunos costumam confundir substantivas subjetivas com predicativas, e objetivas diretas com completivas nominais. Uma boa estratégia é:
- identificar primeiro o verbo
- ver se ele pede complemento
- verificar se o complemento é ligado por preposição
- testar se a oração pode ser trocada por um substantivo simples
Veja também: Exercícios de Oração Subordinada Substantiva
Orações Subordinadas Adjetivas
As subordinadas adjetivas funcionam como adjetivos, caracterizando um substantivo.
Sempre aparecem introduzidas por pronomes relativos: que, quem, o qual, onde, cujo e suas variações.
Exemplo básico:
A menina que ganhou o prêmio é minha aluna.
A oração “que ganhou o prêmio” caracteriza “a menina”.
As adjetivas são divididas em:
Adjetivas Explicativas
- Trazem informação adicional, não indispensável.
- São isoladas por vírgulas.
- Acrescentam uma característica geral.
Exemplo:
Os professores, que dedicam horas ao planejamento, merecem reconhecimento.
A informação não restringe; apenas complementa.
Adjetivas Restritivas
- Restringem o sentido do nome.
- Não usam vírgulas.
- Selecionam um grupo dentro de um conjunto maior.
Exemplo:
Os professores que participam da formação receberão certificado.
Aqui não são todos os professores, apenas os que participam.
Dicas para ensinar Orações Coordenadas Adjetivas
- Treinar a diferença entre restritiva e explicativa.
- Pedir aos alunos que criem frases onde o uso da vírgula muda completamente o sentido.
- Trabalhar intensamente pronomes relativos.
Veja também: Atividade de Orações Subordinadas Adjetivas
Orações Subordinadas Adverbiais
As subordinadas adverbiais expressam circunstâncias de tempo, causa, consequência, comparação, concessão, condição, finalidade, conformidade, proporção.
Elas funcionam como adjuntos adverbiais da oração principal, trazendo as circunstâncias que detalham a ação verbal.
Tipos e exemplos
a) Causais
Expressam causa ou motivo.
Conectivos comuns: porque, já que, uma vez que, visto que.
Exemplo:
Não fomos ao passeio porque choveu muito.
b) Concessivas
Expressam oposição, contraste ou ideia inesperada.
Conectivos: embora, mesmo que, ainda que, se bem que.
Exemplo:
Embora estivesse cansado, continuou estudando.
c) Condicionais
Trazem uma condição.
Conectivos: se, caso, desde que, contanto que.
Exemplo:
Se chover, iremos mais tarde.
d) Finais
Indicam finalidade.
Conectivos: para que, a fim de que.
Exemplo:
Estudem bastante para que tenham um bom desempenho.
e) Proporcionais
Expressam relação de proporcionalidade.
Conectivos: à medida que, à proporção que, quanto mais.
Exemplo:
Quanto mais praticava, melhor ficava.
f) Temporais
Indicam tempo.
Conectivos: quando, assim que, logo que, sempre que.
Exemplo:
Quando você chegar, me avise.
g) Comparativas
Apresentam comparação.
Conectivos: como, assim como, mais do que.
Exemplo:
Ele estuda mais do que eu.
h) Consecutivas
Expressam consequência.
Conectivos: de modo que, de forma que, tão… que.
Exemplo:
Estava tão cansado que desmaiou.
i) Conformativas
Expressam acordo ou conformidade.
Conectivos: conforme, como, segundo.
Exemplo:
Fez tudo conforme o professor orientou.
Dicas para ensinar Orações Subordinadas Adverbiais
- Criar situações reais em que o aluno identifique circunstâncias (causa, tempo, etc.).
- Fazer tabelas com conectivos fixos para cada tipo.
- Trabalhar textos que usem diferentes relações lógicas.
- Construir frases ambíguas para discutir sentidos.
Veja também: Exercícios de Orações Subordinadas Adverbiais
Diferença entre Orações Subordinadas e Coordenadas
É essencial deixar claro:
- A subordinada depende de outra.
- A coordenada tem autonomia sintática.
Compare:
Estudei, e fiz a prova.
Aqui temos coordenação; ambas têm sentido completo.
Estudei porque queria passar.
Aqui temos subordinação; a segunda oração explica a primeira.
Trabalhar essa diferença ajuda os alunos a não confundirem conectores.
Veja também: Exercícios de Orações Coordenadas
Exemplos comentados
Aqui estão exemplos prontos que você pode usar em explicações:
Exemplo 1 – Substantiva Objetiva Direta
Quero que você venha cedo.
Oração subordinada: “que você venha cedo”.
Função: objeto direto.
Por quê? O verbo querer é transitivo direto e pede complemento sem preposição.
Exemplo 2 – Adjetiva Restritiva
O aluno que não trouxe o material deverá pegar reposição.
A oração “que não trouxe o material” seleciona um grupo específico.
Sem ela, a frase mudaria totalmente de sentido.
Exemplo 3 – Adverbial Final
Ele saiu mais cedo para que pudesse descansar.
A subordinada explica a finalidade da ação.
Exemplo 4 – Concessiva
Mesmo que chova, haverá festa.
Aqui a ideia principal se mantém mesmo diante da oposição.
Exemplo 5 – Temporais
Assim que o sinal tocar, formem filas.
Expressa tempo.
Conclusão
As Orações Subordinadas são fundamentais para compreender como o sentido se organiza dentro de um texto. Elas estruturam relações lógicas, explicam informações, adicionam detalhes, qualificam termos e estabelecem conexões que tornam o discurso mais claro e coeso.
Ensinar esse conteúdo pode parecer complicado no início, mas com exemplos práticos, atividades contextualizadas e comparações diretas com situações do cotidiano, os alunos se envolvem muito mais e conseguem identificar as subordinadas com naturalidade. Este material foi pensado para ser usado imediatamente em sala de aula, seja na explicação teórica ou no apoio para preparação de atividades.





